sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O Mistério da Morte

Não me lembro da ultima coisa antes de sentir a água fria gelar meu corpo. Agora vejo que estou aqui, caído entre as pedras de um rio que não faço ideia de onde fica. Meu corpo não se move. Já fiz de tudo, estou mesmo morto.
Na primeira meia hora, pensei se tratar de um pesadelo, daqueles horríveis dos quais não conseguimos acordar facilmente, mas essa ideia foi descartada quando consegui em espírito sentar ao lado do meu corpo.
Olhando para mim, nesse ângulo tão inédito, pude perceber o quão estranho fui fisicamente. Mas isso é o que menos importa agora.
Sempre me disseram que quando morremos, entramos por um longo túnel com uma intensa luz no fundo. Até agora não vi nada disso. Estou aqui há um tempo, e nada de luz ou túnel. Talvez ainda não tenha morrido de tudo, pois se assim fosse, o Além já saberia.
Vou tentar me levantar mais uma vez. Nada...
E agora? O que se faz numa hora dessas? Tudo que aprendi na vida é inútil agora. A eternidade será isso? Ficar olhando para seu corpo caído na beira de um rio?
Como vim parar aqui para inicio de conversa? Parece que meu cérebro foi apagado, sei que existem pessoas no mundo, mas não me lembro de nenhuma que conheço. Sei também que essas pessoas vivem e casas, mas a minha, nem sei se tinha uma. Mas lembro-me das coisas que eu queria. Lembro do carro vermelho que vi numa loja, da viajem que agora não me lembro para onde. Estranho, por que não me lembro de pessoas?
Finalmente a polícia!
Não consigo ouvir o que dizem, mas pelas caras, estou morto mesmo.
Onde estará esse bendito túnel?
- Ei! Você não é da polícia, é?
- Não, vim buscá-lo
- Anjo?
- Humanos! Sempre as mesmas perguntas... vamos já estamos atrasados!
- Você não me respodeu!
- Não vou responder. A vida é um mistério e a morte é outro maior ainda. Se eu te contar, depois vou ter que te matar.
- Está brincando comigo, não é?
- Vamos!

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